“Se fosse eu teria dado voz de prisão”, disse o secretário de Segurança, Edison Prola enquanto era ouvido na Subcomissão de Ética da Assembleia Legislativa de Roraima (ALE-RR). A fala dele se refere a uma ameaça que o deputado Jalser Renier (SD) teria feito contra o governador Antonio Denarium (PP).
Prola foi a primeira testemunha ouvida durante sessão da subcomissão que julga a cassação do mandato de Renier. O parlamentar é o principal suspeito de arquitetar o sequestro e tortura contra o jornalista Romano dos Anjos.
“O conhecimento que tenho é quando esteve no palácio do governo, acompanhado de três coronéis, com um documento que era a cópia de um decreto para criar a força-tarefa. Eu não estava, mas soube disso, ele entrou na sala do governador dizendo que era uma palhaçada e que se o caso continuasse, um dos coronéis iria matar o governador e dar um tiro na própria cabeça em seguida”, respondeu Prola após ser questionado pelo relator, deputado Jorge Everton (sem partido), sobre o caso.
Após a fala, Everton pediu para que Prola reafirmasse que “só ouviu dizer”. No entanto, ele afirmou que em seguida esteve no local como secretário de Segurança e notou um mal estar entre os funcionários. Então, foi informado sobre o que ocorreu no Palácio Senador Hélio Campos.
“Eu tenho 32 anos em Roraima. Já trabalhei com cinco governadores. Fui chefe da Casa Militar por 8 anos, fui comandante-geral da Polícia Militar duas vezes e agora secretário de Segurança Pública. Eu nunca na minha vida vi tamanha audácia de uma pessoa adentrar o gabinete de um governador e ameaçar de morte. Se eu fosse governador teria dado voz de prisão na mesma hora para o deputado Jalser”, afirmou Prola.
Apesar disso, Prola afirmou que nunca foi intimado diretamente pelo deputado para elucidar ou embaraçar as investigações sobre o caso.
Oitivas de Prola e Amorim
O secretário de Segurança do Estado, Edison Prola confirmou que o ex-delegado-geral da Polícia Civil Hebert Amorim Cardoso pediu sua ajuda para retirar o delegado João Evangelista da presidência da força-tarefa criada para apurar o sequestro do jornalista Romano dos Anjos.
No entanto, o delegado disse que pediu apenas para que Prola o ajudasse a falar com o governador Antonio Denarium para retirar um agente da equipe, pois conforme Herbert, o policial responde processos na Corregedoria.
Já a superintendente de Gestão de Pessoas da ALE-RR, Geórgia Amália Freire Briglia, apenas respondeu questões sobre locações de comissionados e datas de exoneração. Em suma, a servidora atua como RH da Casa Legislativa.
Jalser pode acompanhar o relato das testemunhas e teria o direito de se defender ao fim das oitivas. No entanto, optou por não se manifestar afirmando que era “vítima de uma perseguição”. O parlamentar disse que os outros deputados temem que o Supremo Tribunal Federal (STF) o reconduza ao cargo de presidente. Por isso, ainda segundo ele, os colegas o querem cassar.
As oitivas
Durante a manhã desta segunda-feira (21), testemunhas foram ouvidas pelos parlamentares que integram a subcomissão. Dessa forma, ao todo, deveriam ter sido ouvidas 31 testemunhas arroladas pela defesa do deputado.
No entanto, as oitivas foram encerradas após o deputado Jalser Renier acusar outros parlamentares de perseguição e, ainda, ameaçar o relator da subcomissão, deputado Jorge Everton (sem partido).
Durante a sessão, os deputados ouviram apenas quatro testemunhas, três convocadas pela subcomissão e uma pela defesa de Jalser. A maior parte das testemunhas não compareceu ao plenário. A defesa do parlamentar justificou que “não houve tempo hábil” para convocação das testemunhas. Dessa forma, os parlamentares ouviram:
- O secretário de Segurança do Estado, Edison Prola;
- O ex-delegado-geral da Polícia Civil Hebert Amorim Cardoso;
- A superintendente de Gestão de Pessoas da ALE-RR, Geórgia Amália Freire Briglia;
- O sargento da PM Hélio de Pinho Pinheiro.
Das quatro testemunhas, apenas Hélio de Pinho Pinheiro foi convocada pela defesa de Renier. Ele chegou a fazer a segurança pessoal do deputado. Durante o depoimento dele, a deputada Lenir Rodrigues (Cidadania), membro da comissão, protagonizou uma breve discussão com o relator durante os questionamentos.
Informações: Roraima em Tempo