‘Quanto vale um voto?’, por Rubens Medeiros

Após chuva do fim de semana, vê-se a qualidade das obras da gestão de Antonio Denarium (PP). Denúncias de que candidato ao governo estaria pagando R$ 500 para eleitores de baixa renda mostra que velha política anda mais forte do que nunca em Roraima

A denúncia de que um candidato rico ao governo do Estado estaria bancando a compra de votos em massa em comunidades de baixa renda de Roraima despertou o alerta vermelho da velha política em cena, que nós já conhecemos muito bem aqui no estado. Dentre as maneiras mais desonestas e arcaicas de se vencer uma eleição, esta é, sem dúvidas, uma das mais baixas formas de se abordar um eleitorado pobre, com fome e com necessidades básicas não supridas por falta de políticas públicas que compreendam a todas as parcelas da sociedade.

É importante frisar aqui que metade da população de Roraima está na linha da pobreza, segundo a Fundação Getúlio Vargas (FGV). Em termos de economia, segundo o IBGE, Roraima é o estado mais pobre do Brasil. Diante de cenários catastróficos assim, é desonesto e degradante oferecer dinheiro para as pessoas em troca de voto. Quem poderia vir a resolver o problema parece que se sente confortável diante de tais indicadores, a ponto de se aproveitar deles para fins eleitoreiros.

Quem paga na eleição não oferta no mandato

Ao eleitor necessitado, eu digo, aceite, mas não vote. Só você sabe como estão suas contas e suas condições dentro de casa. Ninguém pode julgar o necessitado, mas sim o aproveitador. Na urna, pense apenas em opções que te possam tirar dessa situação. Quem te oferece dinheiro antes da eleição, mostra que não terá nada a oferecer durante o mandato. Os R$ 500 que hoje você recebe, não pagam sequer o fardamento de uma Escola Militarizada, por exemplo, para um filho seu. Então lembre-se de que quem se aproveita da sua necessidade hoje, não merece o seu voto para ficar no poder por quatro anos, se aproveitando de você e dos seus impostos.

Analise o trabalho prestado pelos candidatos, o que foi oferecido e chegou a você por meio de benefícios legais e políticas públicas transformadoras. Não é um socorro provisório que vai fazer a sua situação melhorar. É com emprego, com estudo, com a oferta de benefícios públicos que sua vida pode melhorar. De promessas descabidas e não cumpridas, Roraima já está farto. O que o eleitor precisa é de alguém que pense nele a curto, médio e longo prazos. O que o roraimense quer é comida na mesa todos os dias, não só em véspera de eleição.

Ao invés de pagar R$ 500 para comprar votos, os políticos que vestem a carapuça do “novo”, agindo com má fé e posando de trabalhadores, precisariam se empenhar e ter força de vontade política para sanar nossos gargalos intermitentes, ofertar crédito, oferecer condições de desburocratização da coisa pública, para que todo e qualquer cidadão possa contar com o governo sempre que precisar. Não é isto o que vemos ser feito por aqui. E para combater o errado, somente por meio do voto consciente e do senso de responsabilidade coletiva, para que estes problemas reais, os que nos acompanham ano após ano, sejam resolvidos definitivamente. Sua vida melhorou mesmo nos últimos anos? Não deixe que uma mentira dessas, repetidamente divulgada com dinheiro público, seja replicada como verdade, se aí na sua casa a coisa continua apertada.

Os R$ 500 que te oferecem hoje, são uma amostra de que problemas de larga escala não vão ser resolvidos por essa turma. Esse dinheiro não fará com que as escolas que foram fechadas sejam reabertas. Não te ajuda a se capacitar para melhorar profissionalmente e conseguir um salário melhor. Não fará com que os espaços públicos do Estado sejam reformados. Não te trazem condições de dignidade para que você possa sustentar a sua família.

Sem gestão, Roraima não aguenta uma chuva

Não tem como controlar as forças da natureza, isto é claro. Mas prevê-las e coordenar ações para os danos sejam reduzidos, é papel governamental. A equipe de governo de Antonio Denarium (PP), candidato à reeleição, mostrou uma grande incompetência, mais uma vez, ao lidar com as chuvas em Roraima. O caos, o desespero e a falta de trato para lidar com problemas são marcas registradas dessa gestão.

No fim de semana um temporal levou abaixo muros, árvores, postes e outras estruturas públicas que são de responsabilidade governamental. Tudo sem nem um aviso prévio, para que o povo pelo menos pudesse colocar os carros para dentro de casa. Para que os profissionais da maternidade de lona não precisassem enfrentar mais pânico durante o atendimento ao público em meio às chuvas, dentro daquela unidade improvisada.

No Centro de Progressão Penitenciária (CPP), ao lado da cadeia pública, depois que o muro caiu em cima de diversos carros, foi o jeito liberar todos os presos para passarem uma semana em casa. Quantos voltarão para cumprir suas penas quando o muro for levantado novamente? Na Escola 13 de setembro, o muro também veio abaixo, mostrando a fragilidade das obras da gestão Antonio Denarium.

A Femarh tem um departamento específico de meteorologia. Profissionais pagos com recursos públicos e treinados para antever fenômenos climáticos e avisar a Defesa Civil, em tentativa de amenizar o impacto. Nada disso aconteceu. A Defesa Civil estadual só agiu quando o temporal passou. Depois que a cidade já estava às migalhas. Para se mostrar responsável, e até tentando tirar algum proveito da situação, o governador suspendeu a agenda de campanha e foi visitar os locais atingidos. Depois da destruição, a visita eleitoreira do chefe do Executivo é completamente dispensável, a não ser que o governador tenha algum tipo de fetiche com a desgraça alheia.

Mais uma prova viva de que quando o gestor não sabe o que está fazendo, muito menos sua equipe, o dano causado é infinitamente maior. Gerenciamento de crises? Eles não sabem o que é isso, até que a crise aconteça da pior forma possível.

Enquanto não temos condições estruturais para enfrentar chuvas, ventos, sol, nada… ele pede o seu voto para continuar por mais quatro anos no poder, e o que tem a oferecer ao seu povo é um ombro amigo, depois que o temporal passar. A gente precisa é de obras que fiquem de pé, durante as chuvas, governador. Tapinha no ombro, “Roraima cada dia melhor” e vídeo caseiro de Bolsonaro, não vão livrar o senhor de responder à história, quando ficar na lembrança de todos que foi o pior governo que Roraima já teve.

Faltam 13 dias.

Informações: Roraima1