Mesmo com mais de dez abrigos espalhados pelo Estado, ainda é grande o número de venezuelanos que ocupam prédios públicos em Boa Vista. Vivem em condições precárias, sem conforto, e buscam melhores condições de vida no Brasil em decorrência da crise financeira que se instalou no país de origem.
O Exército Brasileiro, por meio da Força-Tarefa Logística Humanitária, já realizou mais de dez etapas do processo de interiorização, levando cerca de 4 mil imigrantes para outros estados. Com isso, surgiram vagas nos abrigos, mas partes dos venezuelanos prefere residir nos prédios públicos.
O servente de pedreiro, Jaon Jairo, de 20 anos, mora com a família em uma estrutura anexa ao parque aquático do bairro Caçari, Zona Leste da cidade. São dois adultos e seis crianças vivendo há pouco mais de dois meses em um cômodo improvisado, com estrutura depredada.
Ele contou que prefere viver na estrutura, a ir com a família para um abrigo, mesmo que recebam cuidados do Poder Público. O motivo, segundo Jairo, é o alto índice de consumo de drogas e bebidas alcoólicas.
“Eu não quero que meus filhos tenham influência de consumo de drogas e bebidas. É só o que tem nos abrigos. Já estive uma vez e o cheiro é forte quando estão se drogando, incomoda. Por isso, prefiro ficar por aqui até arrumar um local melhor”, explicou Jairo, ao ressaltar que a filha mais velha tem 13 anos.
Com a ajuda de vizinhos, que entregam alimentos, roupas e outros itens básicos, o venezuelano vive com a família no prédio público de responsabilidade do Estado. Questionado por quanto tempo deve ficar no local, ele lembrou que uma equipe do governo esteve nos últimos dias na região e deram 15 dias para eles deixarem o espaço.
“Já se passaram cinco dias e não sei para onde iremos quando sair daqui. Não quero morar em abrigo. Estou à procura de trabalho em uma fazenda como caseiro, para levar minha família junto. Ou também reparar uma casa aqui na cidade. Trabalho como servente de pedreiro, mas também posso capinar e pintar”, relatou.
O prédio público onde já funcionou a Secretaria de Estado de Gestão Estratégica Administrativa (Segad) também seque ocupado por imigrantes. Mais de 300 vivem no local há cerca de um ano, segundo informou o administrador do local, que preferiu não se identificar.
Ele contou que existem algumas regras para serem cumpridas por quem mora no local, uma delas e a proibição de consumir bebida alcóolica e qualquer tipo de drogas. O administrador acrescentou que não há registros de brigas ou reclamação dos vizinhos.
“Nunca foi preciso presença da polícia aqui porque não tem confusão. Todos nós vivemos em harmonia. O governo cedeu o espaço e estamos cuidado da melhor forma possível, apesar da estrutura precisar de reparos e ajustes”, disse, ao lembrar que o local ficou meses sem energia elétrica.
Informações: Roraima em Tempo