O ex-deputado Jalser Renier, suspeito de mandar sequestrar o jornalista Romano dos Anjos, fez uma viagem de três dias para São Paulo, em outubro. Ele está em prisão domiciliar desde agosto deste ano, após um pedido da Assembleia Legislativa de Roraima (ALE-RR) à Justiça Estadual.
O Roraima em Tempo teve acesso, com exclusividade, à decisão da Justiça que concedeu o pedido de autorização para a viagem de Renier, que aconteceu entre os dias 11 e 14 do mês passado. A defesa do ex-deputado justificou necessidade de “participação em dois compromissos de ordem particular e de negócios”.
O Ministério Público de Roraima (MPRR) opinou pelo deferimento do pedido de Jalser com as seguintes condições: apresentação das passagens aéreas/terrestres e reserva do hotel. O ex-deputado ficou hospedado em um hotel de luxo com vista para a praia de Copacabana.
Na decisão, o juiz destacou que não há impedimento para flexibilização de recolhimento noturno, visto que não há notícias de descumprimento das medidas impostas a Jalser. É que o ex-deputado faz uso de tornozeleira eletrônica e deve cumprir recolhimento domiciliar no período de 22h às 06h.
Além disso, segundo a decisão, não há vítimas ou testemunhas, no local de destino da viagem, cujo o ex-deputado é proibido de se aproximar. O magistrado também leva em consideração o curto período da ausência de Renier em Roraima.
Confusão
A Justiça de Roraima decidiu pela prisão domiciliar do ex-deputado Jalser Renier, resultado um pedido da Assembleia Legislativa após se envolver em uma briga física com o deputado Jorge Everton em uma pizzaria de Boa Vista.
Além do recolhimento domiciliar noturno, Renier também está proibido de manter qualquer tipo de contato, interação ou fazer referência aos deputados Jorge Everton e Soldado Sampaio (Republicanos), e demais testemunhas envolvidas no caso do sequestro do jornalista Romano dos Anjos.
Da mesma forma, Jalser deve manter distância de 300 metros das vítimas e de todas as testemunhas. O ex-deputado não pode entrar ou permanecer em estabelecimentos privados e públicos onde estejam as vítimas e testemunhas do caso.
Histórico
Jalser Renier é suspeito de ser o mandante do sequestro do jornalista Romano dos Anjos. Ele chegou a ser preso em outubro de 2021 durante a segunda fase da Operação Pulitzer. No entanto, em dezembro do mesmo ano, o Superior Tribunal de Justiça (STJ) concedeu habeas corpus ao ex-deputado e, em seguida, liberou a retirada da tornozeleira eletrônica.
Ele teve o mandato cassado no dia 28 de fevereiro de 2022 por quebra de decoro parlamentar. O processo de cassação se estendeu por três meses.
Jalser levou o caso à Justiça a fim de parar as oitivas na Subcomissão de Ética que ouviria 32 testemunhas. Ele teve o pedido atendido pelo desembargador Mozarildo Cavalcanti. No entanto, acabou derrotado no Supremo Tribunal Federal (STF).
Após as oitivas, Renier fez tudo para evitar a cassação. Moveu ações judiciais pedindo anulações, atacou o governador de Roraima, Antonio Denarium (PP), o chamando de agiota bem como disparou ofensas contra outros deputados. Ele até expôs à época que o marido da procuradora-geral do Ministério Público de Roraima (MP), Janaína Carneiro, tinha cargo comissionado no Governo do Estado.
Fonte: Da Redação