OPINIÃO: Escolhas de Denarium levam Roraima a viver cada dia pior

Denarium escolhe ex-governador e ex-deputado Flamarion Portela para a Casa Civil (foto: Secom/RR)

O governador Antonio Denarium (Sem Partido) se tornou uma das maiores decepções da história de Roraima. A gestão enfrentou problemas não previstos como a pandemia, mas a insatisfação generalizada entre a população tem origem em todas as promessas feitas pelo então empresário durante sua campanha eleitoral. As pessoas viram em Denarium uma alternativa que trazia o peso do “novo”, da “experiência empresarial” e até da proximidade com o presidente Jair Bolsonaro (Sem Partido). A esperança cultivada nos discursos eleitorais deu lugar a decepção, que só aumenta com as últimas decisões de Denarium.

FALTA GESTÃO

A frase marcante dizia que o problema de Roraima “não é falta de dinheiro, mas sim de gestão”. A ideia que a população teve era de que Denarium, um experiente empresário que multiplicou suas reservas financeiras e hoje faz parte de um grupo seleto de milionários do Estado, traria para a estrutura governamental, a dinâmica empresarial. Suas promessas iniciais incluíam até uma reforma administrativa com redução do número de cargos e da folha de pagamento do Estado.

COMISSIONADOS

Em dezembro do ano passado, o IBGE mostrou que Roraima era o Estado brasileiro com o maior número proporcional de cargos comissionados. O levantamento comprovou que o número de comissionados na gestão Denarium aumentou 10,5% em um ano. Denarium não demitiu, não reduziu os gastos com a folha de pagamento conforme havia se comprometido. Ao contrário, abriu as portas do seu Governo para aliados políticos e cedeu a essa influência, esquecendo a sua promessa de campanha e decepcionando o eleitor.

CORRUPÇÃO

Outra promessa de Denarium era lutar contra a corrupção. Ainda no palanque, ele mostrou que essa não seria uma promessa a ser cumprida. Firmou aliança com o então candidato ao Senado, Mecias de Jesus (Republicanos), apontado como um dos maiores beneficiados pelo esquema Gafanhoto, pelas obras de reforma superfaturada no prédio da Assembleia Legislativa e suspeito de usar empresas da sua família para lucrar em contratos públicos.

RICOS

O Clã Pereira de Jesus possui uma rede de postos de combustíveis e todos com contratos junto às prefeituras. Sem esquecer, a formosa União Comércio e Serviço LTDA, que teve ganhos consideráveis prestando serviço para a Secretaria Estadual de Saúde, na época em que Mecias era aliado da então governadora Suely Campos. Nem da investigação que resultou no flagrante do senador licenciado Chico Rodrigues (DEM) com dinheiro na cueca, Mecias escapou. Seu nome, assim como o do filho Jhonatan de Jesus (Republicanos) que está no quarto mandato como deputado federal, aparecem no relatório feito pela Polícia Federal. Pai e filho negam todas as suspeitas.

TORNEIRA ABERTA

Falando na Saúde, ela virou a torneira aberta da gestão de Denarium. A Operação da PF que mirou em Chico Rodrigues, mostrou que praticamente todos os contratos firmados pela pasta foram direcionados para atender ao interesse de algum parlamentar aliado do governador. A situação não era novidade. O caso dos respiradores superfaturados e pagos de forma antecipada, já tinha se tornado público e alvo de investigação. A CPI da Saúde da ALE tinha indícios disso e foram essas informações que os deputados estaduais Jânio Xingu (PSB), Dhiego Coelho (PTB) e Betânia Almeida (PV) usaram para justificar um pedido de impeachment contra o governador.

PACTO

A ameaça a Denarium durou pouco menos de 30 dias e foi resolvido com a entrega da Secretaria de Saúde nas mãos do deputado estadual Jalser Renier (SD). O chamado pacto pela governabilidade foi confirmado com a nomeação de Marcelo Lopes, no cargo de secretário e dias depois, com o arquivamento dos pedidos de impeachment que tramitavam na Assembleia Legislativa. O pacto pela governabilidade “cobriu a multidão de pecados” e até a CPI da Saúde morreu. A única coisa que não mudou foi a péssima condição da saúde estadual. O pacto só salvou o mandato de Denarium, mas continuou custando vidas.

ABRIU

Seguindo na sua gestão cada dia pior, Denarium decidiu atender a gregos e troianos, abrindo de vez seu governo para interferência dos aliados. Negociou com o senador Mecias, para tirar Marcos Jorge da corrida pela Prefeitura. O preço foi mais uma secretaria estadual, a de Fazenda por onde passa toda a arrecadação do Estado. Agradou o deputado federal Haroldo Cathedral (PSD), garantindo a volta do seu filho, Zé Haroldo ao Iper e ainda deixou Sheridan (PSDB), indicar vários nomes para a gestão, incluindo o da Secretaria Estadual de Segurança e o da Cultura, onde colocou o próprio irmão. A negociata que Denarium faz passa longe do seu discurso de combater a corrupção.

MAIS UM 

E quando há a oportunidade de organizar alguma coisa, Denarium faz as piores escolhas. Esta semana, havia toda uma especulação sobre quem assumiria o comando da Casa Civil, pasta de extrema importância e participação nas decisões governamentais. Cinco expoentes da política local eram apontados como opção para Denarium. Mas, ao que tudo indica, o governador bateu o martelo e sua decisão representa mais uma contradição ao discurso de combate à corrupção.

CASSADO

Denarium confirmou a nomeação de Flamarion Portela para chefiar a Casa Civil. Flamarion é um dos poucos governadores da história brasileira que teve o mandato cassado. Ele foi acusado de usar a máquina pública para se reeleger, oferecendo vantagens dentro dos programas sociais desenvolvidos pela administração estadual. Mais que isso, Flamarion foi condenado em 2008, pelo Tribunal de Contas da União por sua participação no Escândalo Gafanhotos. O TCU constatou que recursos que deveriam ser usados para asfaltar a BR-401, foram desviados para uma conta que pagava os funcionários fantasmas, pessoas indicadas por aliados com total aval de Flamarion. Estima-se que o prejuízo gerado pelo esquema corrupto foi de R$ 230 milhões, dinheiro público que abastecia a conta bancária de Flamarion e seus aliados.

Informações: Roraima em Tempo