Mulher de auditor preso na Lava Jato tinha relógio avaliado em R$ 980 mil

Relógio Jean Dumond Shabaka, semelhante ao da foto acima, foi declarado por Mônica Souza, mulher do auditor Marcial Pereira de Souza, preso pela PF — Foto: Reprodução
Relógio Jean Dumond Shabaka, semelhante ao da foto acima, foi declarado por Mônica Souza, mulher do auditor Marcial Pereira de Souza, preso pela PF — Foto: Reprodução

Em seu Imposto de Renda, em 2017, a mulher do auditor da Receita Federal Marcial Pereira de Souza declarou um relógio no valor de R$ 980 mil. De acordo com o relatório, a joia é herança de seu pai, já falecido. O pai de Mônica, ainda segundo a Receita, nunca declarou possuir a joia.

Marcial foi preso nesta quarta-feira (2) pela Polícia Federal, em mais uma fase da Lava Jato no RJ. De acordo com investigadores, o auditor esconderia o aumento de patrimônio em bens em nome de parentes.

Os investigadores afirmam que o relógio, um Jean Dumond Shabaka, é um dos dez mais caros do mundo. “Causa espanto mesmo o pai sendo seu dependente nos anos calendário 2013 e 2014”, escreve um dos investigadores em relatório sobre o auditor Marcial.

O G1 teve acesso ao documento que consta do processo contra auditores da Receita Federal suspeitos de extorquirem dinheiro de empresários investigados pela Lava Jato no RJ.

Mônica declarou ainda possuir um outro relógio no valor de R$ 300 mil. Outros quatro relógios foram vendidos, segundo ela, em 2017, por um total de R$ 900 mil.

Segundo consta na denúncia, em resumo, o Sr. RICARDO SIQUEIRA RODRIGUES, que foi alvo da “Operação Rizoma”, foi procurado, em agosto deste ano, pelo seu contador, RILDO ALVES DA SILVA (CPF nº 892.230.207-00), que lhe relatou que uma pessoa que trabalharia na Receita Federal do Brasil (RFB) teria feito contato e informado que o Sr. RICARDO seria fiscalizado e que isso geraria uma multa elevada. Esse suposto AFRFB seria vizinho do Sr. RILDO. 10. O Sr. RICARDO informou ainda que se encontrou com RILDO e uma pessoa de nome MARCIAL, no dia 06 de setembro de 2018, em seu escritório, localizado na Rua Dias Ferreira, nº 175/101, Leblon, Rio de Janeiro/RJ; que MARCIAL descreveu que a delegacia em que trabalhava na RFB teria recebido um ofício da 7ª Vara, solicitando que fosse feita investigação a respeito da movimentação financeira do Sr. RICARDO entre 2009 e 2016; e que MARCIAL já tinha comentado com RILDO que exigia o pagamento de EUR 750.000,00 (setecentos e cinquenta mil euros).

Informações: G1