Dinheiro na cueca: empresa investigada não entregou testes e Boa Vista teve falta de exames na pandemia

Com o imenso constrangimento que sua presença provocaria, Chico foi aconselhado a não comparecer no plenário da Casa Legislativa (foto: O Globo)

A empresa Quantum Empreendimentos em Saúde, investigada no inquérito em que o senador licenciado Chico Rodrigues (DEM-RR) foi flagrado pela Polícia Federal com dinheiro na cueca, nunca entregou à Roraima os testes rápidos de Covid-19 previstos em um contrato de R$ 3,22 milhões.

Na investigação, a empresa foi apontada pela PF como uma das que supostamente se beneficiava pela influência do senador dentro da Secretaria Estadual de Saúde (Sesau). A empresa e a assessoria do senador negam ter relação.

Em um trecho do relatório, a Polícia Federal indicou a “existência de possíveis vínculos entre o Senador Chico Rodrigues e a Quantum Empreendimentos em Saúde, já que Roger Henrique Pimentel, cunhado de sua assessora, Samara de Araújo Xaud, casada com Jean Frank, é um dos sócios da empresa desde 20.02.2020”.

Contratada de forma emergencial pelo governo no dia 2 de abril, a Quantum receberia os mais de R$ 3 milhões pela entrega de 20 mil testes rápidos para a detecção do coronavírus, o que não ocorreu. Roraima registrou a primeira morte causada pela doença um dia depois.

O prazo para entrega de 40% dos testes, ou 8 mil unidades, era de até cinco dias. No entanto, durante os três meses em que o contrato ficou vigente, a empresa não cumpriu o previsto. Pouco depois, a falta desses testes impactaria na saúde municipal, onde vive quase 70% da população.

Em maio, durante ao aumento de relatos de infectados em Boa Vista, a prefeitura ficou sem exames nos postos de saúde. Sem o repasse, a prefeitura entrou na Justiça para que o estado fosse obrigado a fornecer esses testes.

Na ação, a prefeitura exigia que o governo repassasse quase 7 mil testes rápidos. À época, o estado afirmava ter comprado os testes, mas que aguardava a chegada para depois distribuir aos municípios.”

“A ausência do repasse [por parte do governo], naquela época, fez com que o Município ficasse sem testes por quase 15 dias. A situação só foi normalizada quando o município adquiriu testes através de uma compra emergencial”, informou, nessa segunda-feira (19), a prefeitura de Boa Vista.

No processo, a prefeitura argumentou que o estado estaria descumprindo o pacto de gestão do SUS sobre repassasses de insumos para o município.

Mesmo com a decisão obrigando a fornecer, o governo recorreu e o processo segue tramitando na 1ª Vara da Fazenda Pública. Diante a isso, a prefeitura contratou, de forma emergencial, uma empresa para fornecer mais de 50 mil testes rápidos de detecção do coronavírus.

Informações: G1 – Foto: O Globo