Parceria com Itaú e Sírio ‘salva’ Hospital de Campanha após Governo de Roraima descumprir acordo

O Governo do Estado não tem cumprido o acordo firmado para funcionamento da Área de Proteção e Cuidados (APC), o Hospital de Campanha. De acordo com o jornal Roraima em Tempo, fontes asseguram que insumos e medicamentos doados pelo Banco Itaú e o Sírio Libanês são a válvula de escape para que a unidade esteja de portas abertas.

Essas mesmas fontes relataram que a dificuldade em ter o apoio do Governo começou em abril, quando a estrutura ficou pronta, mas profissionais, insumos e equipamentos, que deveriam ser alocados pelo Estado, não foram entregues. Por diversas vezes, a Secretaria de Estado da Saúde (Sesau) anunciou a abertura do espaço, mas falhou.

“Se não fosse a parceria que a Operação Acolhida fez com Itaú e Sírio, não seria possível o funcionamento do hospital. Se não fosse a Área de Cuidados, teria morrido muita gente. Logo no início, o Estado doou algumas camas velhas e enferrujadas. As camas foram devolvidas devido às más condições”, declarou um informante em caráter reservado à reportagem.

Depois das diversas tentativas fracassadas do Estado, as parcerias resultaram em 90 toneladas de insumos e remédios. A iniciativa previa fornecimento apenas no primeiro mês, ou seja, até julho, mas devido à ausência do Governo, os parceiros decidiram continuar com as ajudas. “O Governo era para fornecer e não cumpriu com o combinado”, disse outra fonte.

Essas toneladas de insumos garantiram atendimento de 2,6 mil pessoas. Hoje, 75 pacientes estão internados na unidade, sete na Unidade de Terapia Intensiva (UTI). O local foi montado para receber infectados pela Covid-19 e funciona como suporte ao Hospital Geral de Roraima (HGR), que atingiu capacidade máxima de atendimento durante a pandemia.

Mesmo sem cumprir acordo na integralidade, o governador Antonio Denarium (sem partido) e políticos locais atribuem a eles a abertura da APC. Na última semana, Denarium compartilhou foto do Hospital de Campanha, comemorou a recuperação de pacientes, mas não citou a Operação Acolhida. Uma das fontes disse que a Força-Tarefa reprovou a atitude.

CONTRATO

Outra preocupação é com o contrato da APC, previsto para encerrar em dezembro deste ano. Essa contratação se refere à estrutura montada para receber os doentes. Caso o Governo de Roraima não assuma a prestação do serviço, o local vai fechar.

“A área foi criada por causa da Covid e tem contrato de seis meses de aluguel. A Covid está diminuindo. Quando acabar o contrato, a intenção é deixar de legado para Boa Vista. Porém, o Governo tem que querer assumir o hospital”, comentou.

CITADA

Procurado, o Governo Estadual emitiu a seguinte nota:

A Sesau informa que desde a implantação do Hospital de Campanha, o Governo de Roraima já investiu cerca de R$ 1,4 milhão, referente à aquisição de 836.406 itens, entre medicamentos e EPIs, incluindo máscaras, protetores faciais, aventais descartáveis, gorros, propé, luvas e óculos, além de álcool em gel e álcool etílico.

Foram realizados processos seletivos para contratação de profissionais em diversas áreas, de modo que atualmente estão em plena atuação na Unidade 613 profissionais, entre médicos, enfermeiros, nutricionista, fisioterapeuta, assistente social, psicólogo, técnico de enfermagem, farmacêutico, auxiliar de farmácia, maqueiro, fonoaudiólogo e motorista. Estes servidores são pagos pelo Governo de Roraima, totalizando aproximadamente R$ 10,2 milhões.

A gestão reforça que duas ambulâncias foram adquiridas com recursos próprios do Governo Estadual e estão à disposição da APC. O investimento foi de R$ 310.928,56. Além disso, tem custeado também as despesas com exames laboratoriais e de lavandeira.

Após o fim da pandemia causada pela Covid-19 em Roraima, será avaliada a finalidade da unidade, seguindo as normativas do Ministério da Saúde.

Informações: Roraima em Tempo – Foto: Patrick Soares