Mudanças na Assembleia de Roraima?

O presidente da Assembleia Legislativa, Jalser Renier (SD), ainda é visto como um dos políticos mais influentes de Roraima, apesar da grande rejeição que o acompanha. O que mantém o político no poder é o pulso firme com os subordinados. Nos bastidores, comenta-se que ele tem uma folha de pagamento seleta, pessoas que se sujeitam a estar sobre o comando em troca de apoio financeiro. O dinheiro para isso, obviamente, não sai do bolso de Jalser, mas sim dos contratos firmados com a Casa e, também, com a Secretaria de Saúde (Sesau), cujo comando foi entregue pelo governador Antonio Denarium (sem partido) ao presidente. Óbvio, denota-se, que, apesar de toda essa história ser uma lenda urbana, nenhum órgão de controle se interessou em investigar. Por isso, a Coluna destaca que o registro acima permanece no âmbito da suspeição.

OPERAÇÕES

É preciso frisar a existência de situações anteriores que apontam para um grande esquema de corrupção que seria comandado por Jalser. Nas Cartas Marcadas e Royal Flush foram mostrados publicamente a vida de luxo de Jalser e família. Carros de luxo na garagem, coleção milionária de relógios, e bolsas de grife importadas. Um patrimônio considerável. Mesmo assim, o presidente da Casa só tinha um aparelho celular em manutenção. Imaginem se Jalser conseguiria passar um fim de semana sem usar o celular? Mas, como o aparelho não foi encontrado, a versão valeu. Só no final do ano passado, Jalser conseguiu liberação dos bens coletados nas Operações, mas, para isso, terá que desembolsar um alto valor. De onde virá tanto dinheiro?

TERRENOS

As operações mostraram uma rede de “laranjas” de Jalser. O braço direito, amigo fiel e servidor lotado na Assembleia, Carlos Olímpio, tem um patrimônio que destoa completamente do poder aquisitivo. No nome dele foram identificados mais de 300 terrenos e imóveis. A suspeita é que esse patrimônio pertence a Jalser. Carlinhos, como carinhosamente é conhecido, seria apenas mais um “laranja” usado pelo presidente. As investigações constataram superfaturamento de contratos na Casa, o que serviria como fonte de recursos que mantém a vida luxuosa de Jalser.

PRESIDIÁRIO

A história de Jalser é manchada pela corrupção. Ele foi apontado como um dos cabeças do Gafanhotos, uma das mais famosas engrenagem para desvio de recursos públicos do Brasil, que foi desmascarada em Roraima. À época, para se livrar das acusações, Jalser deixou até a própria mãe ser presa pela Polícia Federal. Se ele fez isso com a mãe, imagine o que faria com outra pessoa?! Anos depois, quando as operações Cartas Marcadas e Royal Flush explodiram, Jalser foi destaque nacional e chamado no Fantástico de presidente presidiário. O apelido pegou, assim como a marca da corrupção. Mas, graças ao poder adquirido nos últimos anos, Jalser ainda conseguiu se eleger e garantir que seguiria na presidência da Assembleia. É isso que hoje é contestado.

AÇÕES

O primeiro a se manifestar contra a continuidade de Jalser na presidência foi o deputado estadual Nilton Sindpol, mas teve o pedido negado pela Justiça de Roraima. Depois, veio o deputado federal Nicoletti (PSL), que ingressou com a ação no STF. O mesmo fez o PSOL esta semana, com a diferença de que o pedido é endossado pela Nacional do Partido. Os dois usam como justificativa a própria decisão do STF que impediu a prorrogação de mandatos dos presidentes da Câmara e do Senado Federal. No entendimento dos adovagos que representam os dois partidos, a decisão em relação à Câmara e ao Senado podem ser aplicadas no âmbito do legislativo estadual. A decisão agora compete ao STF, e representa a única alternativa para tirar Jalser do poder.

O QUE ACONTECE?

Se Jalser perder o comando da Assembleia Legisltiva, os demais deputados poderão optar por seguir procedimentos de gestão ou mudar completamente, atendendo os anseios da população. Se houver compromisso dos deputados estaduais com a população, muita sujeira pode ser descoberta escondida no tapetão da Assembleia. Tudo depende do que o STF decidir e da postura que será adotada pelos demais deputados estaduais se isso acontecer.

LIBERDADE

Enfraquecer o poder de Jalser também representa liberdade para o governador Denarium. Apesar de ele ter passado a campanha inteira falando que era contra a corrupção, que faria uma gestão independente e com resultados, fez totalmente o contrário. Abriu a portas do governo para aliados políticos, loteou as secretarias e enfraqueceu a própria gestão. Parece até que o governador só atrai gente ruim, de postura duvidosa. Com Jalser, a situação foi pior, porque Jalser usou o impeachment como arma contra Denarium. Ameaçado na continuidade do mandato e com planos para a reeleição, Denarium cedeu e só ampliou a interferência de Jalser no governo, negociando a entrega da Secretaria Estadual de Saúde para o presidente presidiário. Com Jalser enfraquecido e sem poder, Denarium poderá sonhar novamente com um ar de liberdade. Mas, talvez devido ao tempo em que permaneceu nas trevas, Denarium não deve saber como agir.

Informações: Roraima em Tempo – Foto: Supcom/ALERR