Cruzes são colocadas em frente ao Palácio do Governo em protesto pelas vítimas da Covid-19 em RR

Cruzes representando aqueles que morreram vítimas de coronavírus em Roraima foram colocadas em frente ao Palácio Senador Hélio Campos, sede do Governo de Roraima, na tarde desta terça-feira (9).

O ato ocorreu durante manifestação convocada pelo movimento Roraima Antifascista. Ao todo, foram colocadas 160 cruzes no Centro Cívico de Boa Vista. Pouco mais de uma hora após o ato encerrar, as cruzes foram retiradas do local.

Uma das organizadoras do protesto, a historiadora Kezia Lima, afirmou que a falta de organização do Governo de Roraima na atual pandemia, somada à aliança do governador Antonio Denarium (sem partido) ao presidente Jair Bolsonaro (sem partido), reforça uma narrativa de isenção às populações mais carentes.

“É muito triste ver que estamos perdendo vidas porque não há respiradores para todos. São profissionais da Saúde, Educação, limpeza, Segurança, autônomos e aposentados os mais atingidos pelo descaso do Estado. Soma-se a isso a questão indígena. Uma pandemia dessa proporção e não há nenhuma política do Estado para garantir o enfrentamento e prevenção da contaminação dos povos tradicionais, quando sabe-se dos garimpos ilegais em terras indígenas, um elemento forte de proliferação do coronavírus nessas regiões”, acrescentou.

Sobre a retirada de cruzes, Kezia contou que vê uma simbologia do Governo na atitude. “Anunciamos diversas vezes que elas representavam as mortes por Covid-19 e foram lá, passaram por cima dos mais de 160 corpos representados. As famílias não podem homenagear em velório os entes, e nem têm as memórias respeitadas em um ato pela vida. É um governo genocida e desumano!”, classificou.

Uma das participantes, a jornalista Priscilla Torres, contou que foi ao ato em honra ao pai, Fausto Mandulão, liderança indígena que faleceu vítima de coronavírus na semana passada.

“As mãos do governo estão sujas de sangue indígena e pobre, que são os mais vulneráveis à Covid-19, e, portanto, as que merecem maior atenção neste momento. Fica aqui a revolta dos familiares de vítimas, não só pela falta de estrutura, mas falta de cuidado e preparo também”, disse.

No último domingo (7), o movimento Antifascista iniciou atividades de protesto contra o garimpo no monumento do garimpeiro, no Centro Cívico de Boa Vista. Na madrugada do mesmo dia, a estátua foi pichada com frases contra a atividade ilegal, mas o grupo nega envolvimento.

Informações: Roraima em Tempo – foto: Divulgação