Esposa de candidato a vice-prefeito em Caracaraí é suspeita de distribuir gasolina a mototáxis

Meiry Gigliane, esposa do candidato a vice-prefeito de Caracaraí, Julinho Reis, é suspeita de distribuir gasolina a mototáxis na cidade como forma de favorecer a chapa de Diane Coelho (SD), na qual o marido concorre. A suspeita vem de áudios vazados nesta quinta-feira (1º).

Nos áudios, ela pede a um mototáxi para confirmar a ida de outros profissionais a um posto de gasolina administrado por ela. “Faltam seis moto-táxis e você pede para eles virem antes das 18h, pois preciso fechar o caixa e tem uma nota só para todos os abastecimentos”, cita a gravação.

Em resposta à Meiry, o mototaxista reforça o pedido. “Está liberada a gasolina até às 18h para o pessoal que peguei o nome e a numeração da placa. É o horário que a Meiry vai estar lá e quem não for pegar vai ficar sem. Já passei o recado para ela”. Outro áudio do homem revela que quem não for até o local, só vai receber na próxima semana.

Julinho já foi presidente da Câmara de Caracaraí e abriu mão da vaga na Casa para disputar a segunda cadeira do Executivo Municipal. Diane é esposa de Odilon Filho (Patri), deputado estadual que enfrenta processo que pode cassar o segundo mandato, na Justiça Eleitoral. Ele também já foi prefeito de Caracaraí.

‘FANSTASMA’

No ano passado, o Ministério Público do Estado de Roraima (MPRR) denunciou Meiry por improbidade administrativa. O órgão foi informado que ela era lotada como funcionária da Assembleia Legislativa (ALE-RR), mas não executava os serviços atribuídos ao cargo.

Segundo a denúncia, Meiry tinha vínculos com a Casa entre 2001 e 2007, sem especificação de cargo. De 2005 a 2018, ficou lotada como assessora parlamentar. Contudo, não havia prestação de serviços, o que a caracterizava como ‘funcionária fantasma’.

O ministério afirmou que a mulher trabalhava como gerente no posto de combustível, além de exercer duas outras atividades no setor de construção civil.

“A jornada diária da ré no serviço público ser de seis horas diárias, não havia compatibilidade de horários entre os dois trabalhos. Desse modo, a ré não prestava os serviços para a Assembleia Legislativa ou, no mínimo, não cumpria integralmente a carga horária devida”, argumenta.

Ainda de acordo com o documento, não foram encontradas as folhas de frequência da servidora de 2001 a 2015. Já nos demais períodos, as frequências foram assinadas de forma ‘britânica’, com os horários de entrada e saída sem minutos de atrasos ou hora extra.

Em uma ocasião, o MPRR destacou que Meiry estava presente no posto de gasolina no dia 16 de setembro de 2017, sendo que a folha de frequência da Assembleia foi assinada no mesmo dia e no mesmo horário. “Pela dinâmica do trabalho da ré no posto de combustível, ela jamais conseguiria cumprir a jornada diária”, argumentou.

Testemunhas endossaram que a jornada de trabalho da servidora no posto encerrava às 13h, o mesmo horário em que iniciava o horário de trabalho na Assembleia. Entretanto, logo depois de sair do posto, foi informado que ela ainda fazia serviços em bancos.

“Não tem como a requerida sair do posto às 13 horas, fazer serviço de banco, almoçar e chegar em seu serviço as 13. Ainda, há que se considerar que a distância entre Caracaraí e Boa Vista é de aproximadamente 140 km, o que inviabiliza por completo a prestação de 6 horas diárias”, frisou o órgão.

A Justiça de Roraima bloqueou os bens de Meiry no valor de R$ 738,5 mil após a denúncia. Uma audiência de instrução foi marcada para o dia 9 de dezembro para depoimento.

CITADA

Procurada, Meiry negou as conversas com mototáxis e disse que o áudio foi utilizado em uma montagem “política”. “Isso é mentira. No áudio compartilhado eu não cito mototaxista, estou falando com o frentista do posto a respeito do fechamento de caixa”, argumentou.

Ela explicou que gerencia dois postos de combustíveis e que há “montagem com outros áudios de outras pessoas, não sou eu quem fala nessas mensagens. Já estou tomando as providências cabíveis”, garantiu.

Já em relação à denúncia sobre a falta de prestação de serviços na Assembleia, garantiu que cumpria toda a carga horária. “Sempre trabalhei comprovadamente através de frequência. Estou me defendendo na Justiça conforme documentos que atestam meu serviço”, afirmou.

Questionada sobre a incompatibilidade dos horários, informou que não tinha vínculo empregatício com o posto, sendo somente prestadora de serviços. “Não existe nada que comprove que meus horários não eram compatíveis. Estou esperando a decisão da Justiça”, encerrou.

Informações: Roraima em Tempo – Foto: Arquivo Pessoal