A superlotação do Hospital Geral de Roraima (HGR) causa preocupação de familiares de pacientes internados. Além da ausência de leitos clínicos e a ocupação de quase 100% das UTIs, denunciantes reclamam da falta de equipamentos para fornecer oxigênio, centrais de ar quebradas e a utilização de cadeiras como camas.
Uma das denunciantes disse que por conta da superlotação, existem quartos na unidade que misturam pacientes com e sem sintomas de coronavírus. A falta de separação dos pacientes também é observada nos corredores do Pronto Atendimento Airton Rocha.
Devido à falta de espaço, o setor de fisioterapia da unidade chega a ser usado para manter pacientes internados, e alguns ficam em cadeiras ao invés de leitos.A Secretaria de Estado da Saúde (Sesau) nega a superlotação, mas o boletim epidemiológico dessa terça-feira (12) mostra ocupação de 103% de leitos clínicos.
Outro problema é de defeitos nas centrais de ar. “A enfermaria 4 do Pronto Atendimento, que atende Covid-19, está com a central quebrada. Os pacientes precisam abrir as janelas para arejar. Alguns levam ventilador, porque a ausência de ventilação agrava o desconforto. Para piorar, além de não funcionar, pinga tanta água que é necessário um balde”, relatou.
De maneira anônima, outra familiar citou que o oxigênio é uma das principais necessidades dos pacientes no HGR. Apesar de a unidade estar abastecida, não há fluxômetro, equipamento usado para garantir oxigenação segura. Sem isso, pacientes com baixa saturação podem ter células danificadas, o que faz o corpo entrar em colapso.
“Profissionais estão cansados e fazendo o possível para atender. Há oxigênio, mas não há o reloginho, que é o fluxômetro. Ele é fundamental! Pacientes que precisam, não recebem oxigênio por falta desse regulador. O problema não são os pacientes que estão aqui, mas sim aqueles que virão, pois vejo que a cada dia esse lugar está mais lotado”, relatou.
Nesta quarta-feira (13), a Sesau e o Ministério Público do Estado de Roraima (MPRR) firmaram um acordo judicial para que a Pasta disponibilize mais 40 leitos de UTI e semi-intensivos e 101 clínicos, nas próximas duas semanas.
A Maternidade Nossa Senhora de Nazaré também passa por problemas de superlotação. Nesta semana, o Roraima em Tempo divulgou denúncias sobre a unidade e destacou que bebês com e sem sintomas de Covid-19 convivem na mesma UTI.
CITADA
A Sesau informou que não há superlotação, uma vez que segundo o Boletim Epidemiológico do dia 12 de janeiro, as UTI’s do HGR apresentam 97% de lotação, sendo assim, ainda há leitos disponíveis.
Ressaltou que o HGR é a Unidade Referência no atendimento de urgência e emergência, atendendo todas as demandas de alta complexidade. E que nas últimas semanas houve um aumento da demanda de pacientes que procuram atendimento, uma vez que relatam enfrentar dificuldades para conseguir atendimento nas Unidade Básica de Saúde.
Informa que a central da enfermaria 4 precisou de manutenção corretiva e o serviço já foi realizado.
Esclarece que no momento as Unidades Hospitalares que integram a rede estadual de saúde estão abastecidas com quatro tanques de oxigênio para atender as demandas e que o abastecimento é feito de forma quinzenal das unidades, e nesse momento, todos os tanques e cilindros estão abastecidos.
Reforça que está atenta à situação enfrentada em outros estados brasileiros e está tomando medidas necessárias para conter o avanço da doença, o que inclui o reforço do trabalho de vigilância epidemiológica, reestruturação das unidades, bem como a reorganização para que o HGR volte a atender apenas pacientes acometidos pela Covid.
Informações: Roraima em Tempo – Foto: Divulgação