Deputados repudiam poluição em afluente do Rio Branco causada por garimpo em Roraima

Declarações ocorrem após vídeo sobre poluição do rio Mucajaí viralizar em redes sociais

Um vídeo sobre um desvio de 130 metros feito por maquinários de garimpo no leito do Rio Mucajaí, um dos principais afluentes do Rio Branco, em Roraima, repercutiu em redes sociais nesta semana e gerou repúdio de deputados em sessão desta quarta-feira (31) da Assembleia Legislativa de Roraima (ALE-RR).

Lenir Rodrigues (Cidadania) afirmou que rios e igarapés do estado estão cada vez mais poluídos devido à falta de consciência da população. “Sou natural de Mucajaí, me criei naquele município, na beira do rio, e estou indignada e estarrecida. Não posso me calar. Não podemos ver com naturalidade essa situação”, criticou.

A deputada também citou uma relação entre o aumento do garimpo e casos de câncer no estado. O mercúrio, substância utilizada na atividade ilegal e liberada em rios, é cancerígeno, polui a flora e mata a fauna.

“O número de casos de câncer é assustador. Promovo pessoalmente campanhas que atendem pacientes com perucas e lenços, e tenho acompanhado de perto essa temática. Mucajaí sempre bebeu água limpa, teve muito peixe, e essas atividades feitas de forma ilegal e irresponsável estão matando pessoas”, alertou.

Focos de garimpo que atingem Mucajaí estão concentrados na Terra Indígena Yanomami, a maior reserva do país, que enfrenta há décadas a invasão de garimpeiros. Por causa da pandemia do coronavírus, o contato dos indígenas com os invasores provocou milhares de contaminações.

Neste mês, a Polícia Federal (PF) destruiu acampamentos que funcionavam dentro da terra indígena. A ordem para retirar os invasores partiu do Supremo Tribunal Federal (STF), assinada pelo ministro Luís Roberto Barroso.

O deputado Evangelista Siqueira (PT) ratificou a preocupação. Ele lembrou que, em janeiro, quando a Assembleia Legislativa aprovou a autorização da lavra mineradora, foi atacado por pessoas que apoiavam a iniciativa. Ele e Lenir Rodrigues foram os únicos deputados contrários ao projeto do Poder Executivo.

“Disseram que estávamos contra as famílias trabalhadoras. Mas esse trabalho, desse jeito, não traz desenvolvimento. Um trabalho desse jeito traz morte. A luta por trabalho é digna e justa, mas não pode ser feita dessa maneira. O mundo inteiro fala sobre desenvolvimento ecológico e nós, em pleno coração amazônico, nos calamos”, declarou.

Já Nilton do Sindpol (Patriotas) classificou o caso como um ‘retrocesso’. “Sabemos da questão social, desemprego, fome, pandemia, mas não é motivo para permitir que rios e igarapés sejam poluídos, e a gente morra gradativamente, com doenças como câncer”, disse, ao acrescentar que vai pedir uma audiência pública para tratar da qualidade da água dos afluentes do Rio Branco.

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