Operação contra Jalser Renier investiga fraudes, lavagem de dinheiro e organização criminosa

Bens apreendidos na casa de Jalser Renier são levados pela polícia — Foto: Marcelo Marques/G1 RR

O presidente da Assembleia Legislativa de Roraima (Ale-RR) Jalser Renier (SD), a mulher Cinthya Gadelha e outras cinco pessoas ligadas a ele são alvo de operação do Ministério Público de Roraima (MPRR), nesta quarta-feira (2) em Boa Vista. Ele foi reeleito presidente da Casa na terça (1º) em chapa de oposição ao governador Antonio Denarium (PSL).

A ação, chamada de Royal Flush, investiga crimes de fraudes em processos licitatórios, contratos administrativos, lavagem de dinheiro, organização criminosa e obstrução de Justiça em conjunto com a Polícia Rodoviária Federal (PRF) e a Força Nacional (FN).

São cumpridos nove mandados de busca e apreensão e de sequestro de bens. Pela manhã, policiais estiveram na sede da Assembleia Legislativa de Roraima, no Centro Cívico da cidade, e na residência particular de Jalser Renier, na zona Leste da capital.

Agentes da PRF bloqueiam tráfego e portões da casa de Jalser Renier (SD) — Foto: Marcelo Marques/ G1 RR

Em nota, a Superintendência de Comunicação da Ale-RR informou que “atendeu ao cumprimento de decisão judicial de busca e apreensão de documentos relacionados a processos administrativos”, mas que a documentação data de 2013 a 2014 e já estava em posse do MPRR “desde meados de 2016”.

Segundo o MPRR, também são alvos da operação Cristiano Pontes Thomé, Vanira Wanderley Gadelha, Carlos Olímpio Melo da Silva, Elísia Martins e Anacleto Martins, além das empresas C.V. Derivados de Petróleo – Auto Posto Princesa Isabel e Martins e Padilha Serviços Ltda.

Um dos advogados de defesa de Jalser também foi procurado, mas não quis se manifestar. A reportagem tenta contato com a defesa dos demais envolvidos.

Segundo o MPRR, as medidas judiciais cumpridas na Royal Flush – nome que faz alusão ao melhor lance do jogo de poker – foram autorizadas pelo magistrado Luiz Fernando Castanheira Mallet, do Tribunal de Justiça de Roraima.

Logo no início da manhã, policiais foram à residência particular de Jalser Renier no bairro Canarinho. Os agentes interditaram o tráfego em frente à mansão e bloquearam os três portões da casa. Eles entraram na residência e por volta das 11h30 usaram caminhões guinchos para levar UTVs do local.

O vice-presidente da Ale-RR Jânio Xingu (PCB) foi ao endereço, mas, segundo os policiais que estavam no local, não conseguiu entrar porque só advogados podem ir até a residência.

“Estou aqui porque sou vice-presidente da Assembleia. É um direito meu acompanhar a operação”, afirmou. Ele negou que tenha sido impedido de entrar na casa de Jalser. “Não estou sabendo de nada”.

Agentes da PRF estão na Assembleia Legislativa do estado — Foto: Marcelo Marques/G1 RR

Na sede da Ale-RR, agentes bloquearam as entradas e saídas com viaturas. Eles saíram do prédio carregando sacolas com documentos.

Investigações

Conforme o MPRR, a operação Royal Flush está relacionada a outra operação já feita no Legislativo, a Cartas Marcadas que levou à condenação de 10 pessoas, incluindo ex-servidores da Ale-RR por desvios em licitações.

No decorrer das investigações foram coletados indícios de pagamentos irregulares ao parlamentar. A suspeita foi levantada a partir de delação premiada e de “apreensão de documentos e relatórios técnicos confeccionados por auditores do Tribunal de Contas do Estado (TCE/RR), além de uma agenda contendo a contabilidade dos valores desviados e dos beneficiários”.

“A partir de então foram realizadas diligências complementares, bem como postuladas medidas cautelares da quebra de sigilo bancário e fiscal pelo MPRR, que apontaram movimentações financeiras atípicas por parte do deputado estadual e demais investigados”, diz comunicado do MPRR à imprensa.

Ainda conforme o MPRR, a prática do crime de obstrução da Justiça pela suspeita de vazamento da operação também está sendo investigada.

Em outubro de 2016, Renier foi preso por envolvimento no caso que ficou conhecido como “Escândalo dos Gafanhotos“. Uma decisão do Supremo Tribunal Federal (STF) anulou a condenação e, em fevereiro 2017, o parlamentar foi solto.

Informações: Marcelo Marques e Emily Costa, G1 RR — Boa Vista