O policial militar Uirandê Mesquita foi envenenado e estrangulado antes de ter o corpo queimado por dois suspeitos, na noite do último domingo (23). As informações são da Polícia Civil, que descartou hipótese de feminicídio após ter acesso às imagens da rua onde ocorreu o crime. A empresária Joseane Gomes também foi morta por um dos criminosos.
Segundo as investigações, um dos suspeitos presos hoje (27) era sócio da vítima numa oficina mecânica, e o outro tinha tido o motor do carro comprado por Uirandê. O motivo para o assassinato seria uma dívida de R$ 4,5 mil que o assassino tinha com o militar. Devido às cobranças, ele decidiu planejar a emboscada para matar o policial. A empresária, de acordo com a delegada Simone Arruda, foi morta sem motivação.
Na última semana, o PM foi comunicado pelos amigos que no domingo fariam um serviço no carro de um deles. Como o agente era acostumado a visitar a casa, a polícia acredita que ele não tenha desconfiado. Ao chegar, ele foi envenenado com produtos para ratos, passou mal e os amigos se dispuseram a levá-lo ao Hospital Geral de Roraima (HGR).
Contudo, no caminho, eles pararam o carro em uma rua no bairro Mecejana e estrangularam a namorada do policial com uma corda, que já estava desfalecido. No momento do crime, um carro ia passar pelo local, quando o assassino pegou a arma que estava com o PM e atirou em Joseane.
“Ele diz que não agrediu [Joseane], não causou outras lesões, mas pelas fotos sabemos que houve várias lesões”, comentou a delegada, ao acrescentar que o a militar foi chamado covardemente à casa, “levou a namorada, que nem era para estar nesse lugar, ela foi vítima por acaso”.
Depois, os criminosos pegaram o corpo do policial, voltaram para a residência do suspeito, estrangularam com a corda e levaram para a rodovia, onde atearam fogo. O corpo e o carro foram encontrados na manhã desta quinta-feira (27). O Instituto de Medicina Legal (IML) trabalha para confirmar a identidade, já que o cadáver foi bastante atingido pelas chamas.
PRIMEIRA HIPÓTESE
A delegada Simone Arruda explicou que as testemunhas que estavam no carro no momento em que passavam pela rua foram primordiais. Elas acionaram imediatamente a Polícia Militar (PM), impedindo que os criminosos retornassem ao local para buscar os pertences que haviam deixado para trás.
Quando o carro do homicida foi identificado a partir das primeiras imagens, ele relatou à polícia a seguinte história: que Uirandê havia ido à residência naquela noite, estava estressado com a namorada e decidiu que iriam sair para jantar. No caminho, agrediu a jovem e, na rua, parou, ameaçou a todos com a arma, matou a namorada, deixou os dois na rodovia e fugiu.
Com as primeiras informações, os policiais foram levados ao erro de acreditar que o caso era de feminicídio, tanto que pediram a prisão preventiva do militar. Entretanto, novas imagens disponibilizadas por moradores da região colocaram em xeque a versão apresentada pelas então testemunhas.
Hoje, o suspeito que planejou a morte foi até a delegacia afirmar que era ameaçado por militares, para que dissesse por onde havia passado naquela noite. Foi quando a Civil apresentou novas evidências que o colocavam na cena do crime, e ele confessou. Em seguida, levou as equipes ao local onde havia queimado o carro e o corpo. A polícia ainda investiga a participação de uma terceira pessoa no assassinato.
“Mostramos a dinâmica para ele e viu que não tinha mais saída. Que realmente tinha elementos suficientes para provar que teria participado. Foi quando confessou que tinha matado Uirandê e Joseane. Ele trouxe elementos da participação do outro amigo, fizemos a prisão. Ele nega que tenha praticado o crime. Mas os elementos mostram o contrário”, detalhou a delegada.
Os dois foram presos e enquadrados em homicídio triplamente qualificado, por emboscada, motivo fútil, asfixia ou fogo, e ocultação de cadáver.
Informações e foto: Roraima em Tempo