Vereador Kleber é preso com arma em operação da PF contra compra de votos

O vereador João Kleber Siqueira foi alvo de investigação da Polícia Federal nesta sexta-feira (16)

O vereador João Kleber Siqueira (SD), de Boa Vista, foi preso em flagrante com uma arma encontrada na casa dele durante operação da Polícia Federal deflagrada na manhã desta sexta-feira (16). A ação investiga o parlamentar por compra de votos nas eleições de 2020. Também são alvos, por suspeita de integrarem o esquema, o assessor de um deputado estadual e até policiais penais.

João Kleber Siqueira, que era empresário antes de ser vereador, já é réu por lavagem de dinheiro e organização criminosa em uma investigação sobre desvio milionário no fornecimento de quentinhas no sistema penitenciário. O deputado estadual Renan Filho (PRB), o filho da ex-governadora de Roraima Suelly Campos (PP), Guilherme Campos, e outros nove também são réus pelo esquema.

Denominada de “Operação Dejavu”, a ação cumpre sete mandados de busca e apreensão, quando a arma foi encontrada na casa do vereador, conhecido como “Klebinho”. A suspeita é que o vereador tenha comprado votos com dinheiro e combustível por cada voto conseguido pelos agentes que atuam dentro dos presídios de Roraima.

Os agentes também estiveram no gabinete de Klebinho, na Câmara Municipal de Boa Vista. Em nota, a casa informou que “não foram encontrados ou apreendidos absolutamente nenhum material ou objeto suspeito no local”.

Ainda de acordo com o inquérito da PF, os policiais penais foram responsáveis pela missão de transportar o dinheiro usado para compra de votos um dia antes do pleito, que ocorreu em 15 de novembro.

Uma lista com mais de 600 nomes de eleitores cooptados foi encontrada durante as investigações. A PF constatou, ainda, a entrega de dinheiro em uma residência e requisições de combustível em um posto na capital.

O governo estadual informou que uma investigação administrativa deve apurar a conduta dos agentes estaduais. Caso sejam comprovados crimes, os policiais penais podem ser afastados ou até desligados das funções.

“Se for constatada infração, será feito o desligamento das funções, e as vagas serão ocupadas pelos novos policiais penais aprovados no concurso público que está em andamento”, diz trecho de nota do governo.

A escolha do termo francês “Dejavu” foi em razão da semelhança com outras operações realizadas da PF. A expressão é usada quando uma pessoa sente que já viveu uma situação mais de uma vez. Klebinho cumpre o primeiro mandato político pelo Solidariedade. Ele foi eleito com 1.629 votos.

Réu por desvio em marmitas de presídio

O vereador João Kleber Siqueira é réu por outra operação da PF deflagrada em 2018, quando foi preso pelos agentes federais. A operação desarticulou um esquema que, à época, desviou cerca de R$ 70 milhões em recursos públicos do sistema penitenciário para o pagamento de propinas e enriquecimento ilícito dos reais proprietários do negócio, que eram Guilherme e Renan.

Siqueira era o dono da Qualigourmet, empresa responsável por fornecer alimentação a presos de unidades em Boa Vista. No entanto, as investigações da PF apontam que ele era usado como laranja de Guilherme Campos.

O esquema teve início no começo de 2015, com a contratação emergencial da empresa Qualigourmet, constituída 8 dias antes para cuidar da alimentação dos presos no estado. Na época, a mesma empresa suspendeu entrega de comida aos detentos alegando dívidas do governo.

As investigações apontaram que a empresa superfaturava o valor da alimentação, além de informar quantitativo superior de refeições ao que era efetivamente providenciado e de fornecer alimentos de baixa qualidade. O esquema já foi alvo de outra operação da PF e de investigação em CPI na Assembleia Legislativa.

Os responsáveis pela empresa, que está em nome de laranjas e teria Guilherme e Renan como verdadeiros donos, realizaram saques de aproximadamente 30% do valor dos contratos, em espécie, para o pagamento de propinas e para o enriquecimento ilícito dos reais proprietários do negócio.

Vários saques e repasses foram constatados pela PF através de filmagens feitas durante as investigações, a qual contou também com provas obtidas após quebra do sigilo bancário e telefônico dos investigados.

Informações: G1 Roraima