“Estamos na merda”, diz enfermeiro que trabalha no HGR sobre falta de material

O paciente disse que um servidor do HGR informou que as cirurgias estão canceladas e que não há previsão para a retomada dos procedimentos - Foto: Divulgação

“Nem coordenador, nem secretário. Na realidade, ninguém vai resolver nada. Nós passamos o dia todinho usando luva de procedimento, não tem adrenalina, não tem nora, não tem soro glicosado. Estamos é na merda”.

Esse é o relato de um enfermeiro em um áudio publicado num grupo de WhatsApp e que foi revelado em uma reportagem da Rede Amazônica denunciando o caos cada dia pior na saúde do Estado.

O Hospital Geral de Roraima, única unidade hospitalar apta ao tratamento da covid-19 está com estoque baixo ou zerado de remédios, equipamentos de proteção individual (EPI) e registra até falta de médicos.

A reportagem mostrou diversos relatos de profissionais aflitos, sem saber o que fazer em uma situação em que a pandemia já tirou a vida de mais de 1.680 pessoas em Roraima desde o ano passado e que já soma 107.872 infectados pela covid-19.

Vale lembrar que a quantidade de leitos para Covid-19 no HGR foi reduzida duas vezes pelo governo, em 22 de maio e 2 de junho. Antes da primeira redução, a unidade tinha 267 exclusivos para o tratamento da doença, entre UTI, semi-intensivos e clínicos. Atualmente, são 147 ao todo.

No boletim epidemiológico da Sesau desta segunda-feira, foi registrada alta taxa de ocupação nas vagas para Covid-19. Em um dia, a ocupação dos leitos clínicos subiu de 82% para 94%.

Nos leitos semi-intensivos a ocupação segue em 90% pelo segundo dia seguido. Na atualização, a UTI registrou queda na taxa, e passou de 87% para 85%.

No Pronto Atendimento Airton Rocha, anexo ao HGR, a taxa de ocupação segue pelo segundo dia em 100% nos leitos semi-intensivos. Já os clínicos, tiveram nova alta na taxa, e passaram de 55% para 78% de ocupação, conforme o boletim.

Enquanto isso, o governador Antônio Denarium se esforça apenas para garantir sua reeleição no pleito do ano que vem, promovendo aglomerações nos municípios do interior para entrega de cestas básicas, o que só aumenta o risco de mais infectados sem qualquer garantia de leitos de UTI e equipamentos necessários a preservar a vida.