Obra na Feira do Passarão deve ser entregue em dois anos; feirantes registram queda de 70% nas vendas

Obras foram paralisadas no mesmo ano do início da reforma por falta de recursos estaduais - Edinaldo Morais/Roraima em Tempo
Obras foram paralisadas no mesmo ano do início da reforma por falta de recursos estaduais – Edinaldo Morais/Roraima em Tempo

Com obra prevista para ser entregue em dois anos, vendedores que trabalham na Feira do Passarão, localizada entre as Avenidas Ataíde Teive e Imigrantes, no bairro Caimbé, zona Oeste de Boa Vista, continuam em meio a desorganização e a lama, além de registrarem baixa de quase 70% nas vendas.

Fechada para reforma desde março de 2018 e paralisada no mesmo ano por falta de recursos estaduais, a Secretaria Estadual de Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Seapa) informou que as obras na feira serão retomadas. “Desta vez será retomada com recursos federais”, destacou a pasta.

Entretanto o prazo estabelecido não agradou a todos. A reportagem conversou com alguns trabalhadores do local, que ressaltaram o aumento da criminalidade e os riscos que estão sofrendo.

“Trabalho há 10 anos aqui e já fui roubada várias vezes. Entraram com uma arma e levaram nossas economias. Depois que mudamos para este lugar, as vendas caíram quase 100%”, relatou uma das feirantes.

Conforme os vendedores, eram 120 feirantes que comercializavam produtos. Com o passar dos anos, esse número foi reduzido pela metade.

Um trabalhador, que prefere não ser identificado, explica que as barracas de frutas e verduras foram as mais afetadas com a precariedade do local e com a diminuição de clientes.

“Só estamos sobrevivendo. Trabalho aqui há mais de 5 anos e é revoltante essa situação. Nossas vendas caíram e outras pessoas não suportaram essa situação e foram embora da feira”, declarou o homem.

Outra vendedora conta que os prejuízos financeiros afetam a todos, principalmente aqueles que estão mais afastados da avenida. “As mercadorias chegam a estragar, porque as pessoas não querem entrar aqui, não temos fregueses e as vendas caíram em 70%. Hoje eu consigo em torno de R$ 15 a R$ 20 por dia”, lamentou a mulher.

SEAPA

Conforme o secretário da Seapa, Emerson Baú, o projeto para reforma da feira possui diversas irregularidades que não atendiam as necessidades dos feirantes e frequentadores. Ele afirma que para a retomada das obras, a secretaria realizará o cancelamento da licitação atual.

“Já a Secretaria de Infraestrutura [Seinf] fará um novo projeto que se adeque à legislação sanitária, às normas de segurança e de trânsito. O prazo para cancelamento do contrato com a atual empresa e a contração de uma nova empresa deve se estender até o 1º semestre de 2020. Já a execução da obra deve demorar em torno de um ano e meio a partir do novo projeto”, explicou.

Segundo o secretário, todas as decisões foram avaliadas e tomadas junto com representantes da feira. Ele ressaltou também que existe manutenção constante do local.

“Estes pontos considerados irregulares foram apresentados aos vendedores, desde os boxes e espaços destinados aos feirantes para a comercialização, que antes eram feitos de uma estrutura de ferro, sem rede elétrica adequada e sem espaço para higienização dos produtos. A questão sanitária, combate a incêndios e licenças junto ao Corpo de Bombeiros e trânsito não atendiam aos feirantes”, assegurou. Foi destinado ao projeto o valor de R$ 3 milhões.

ENTENDA

Anunciada ainda em 2017 pela gestão da ex-governadora Suely Campos (PP), a reforma foi avaliada em R$ 3,4 milhões, do orçamento estadual.

As obras deveriam ter sido iniciadas no mês de janeiro de 2018 e encerradas em agosto do mesmo ano. A empresa contratada MF construtora e serviços LTDA, recebeu cerca de R$ 100 mil, mas com a com a falta do restante do pagamento, os trabalhos foram interrompidos.

Informações: Roraima em Tempo