DESUMANO: Há 1 ano as crianças de Roraima nascem dentro de tendas

Foto: Yara Walker

Desde que uma central de ar despencou do teto e ficou pendurada na parede de uma sala da Maternidade Nossa Senhora de Nazareth, a unidade estadual de saúde teve que ser transferida para um espaço improvisado na Avenida Brasil, bairro 13 de Setembro. Inicialmente, seria algo temporário. Porém, um ano depois, as obras prometidas pelo governo de reestruturação do prédio ainda não terminaram. Enquanto isso, bebês estão nascendo em tendas.

O problema da central de ar foi apenas a “gota d´água” de um verdadeiro caos instaurados na unidade hospitalar que vinha se arrastando por anos e que ficaram ainda mais evidentes na gestão Denarium. Diariamente, denúncias surtiam na mídia e nas redes sociais sobre as péssimas condições do lugar, oferecendo riscos à saúde das mães e de seus bebês (ainda mesmo antes destes nascerem).

Por exemplo, eram comuns denúncias de falta de roupões e outros materiais para realizar cirurgias. Além disso, as gestantes, mães com bebês recém-nascidos e acompanhantes passavam pelo martírio de serem alocados nos corredores da unidade, devido à falta de leitos.

Outra situação envolvia os profissionais da maternidade, que sempre estavam em falta para atender as mães nos momentos de emergência. E os que “restavam”, constantemente denunciavam o atraso nos pagamentos por parte do Governo do Estado.

No trato à infraestrutura do prédio é que as coisas se tornavam ainda mais escabrosas. Sujeira e mofo, cadeiras velhas, equipamentos quebrados, paredes com fungo, teto prestes a desabar, entre outras mazelas, se tornaram parte do dia a dia das gestantes e suas famílias.   

O mais grave em todo esse quadro de angústia e abandono pode ter resultado na morte de alguns bebês, algo que vem sendo alvo de investigações pelo Ministério Público Estadual. Tudo por causa da negligência do Estado em oferecer acomodações dignas às mulheres e seus bebês.

E até mesmo após a transferência para o espaço improvisado na BR-174 os problemas não cessaram e novas denúncias surgem dando conta de novos problemas estruturais. A pergunta que fica é: até quando as famílias terão que passar por esse martírio? E mais: Por quanto tempo ainda a população vai aguardar pelo fim dessas obras de reforma do prédio que parece que continuam paradas? Vamos aguardar. As eleições estão bem aí.